O Ranking visto de Viana…..
Ranking concelhio do ensino básico (Viana do Castelo) Fonte: Publico |
Este ano os rankings das escolas básicas e
secundárias nos jornais trazem novidades na análise.
Sigo aqui a abordagem do Público que é o jornal
que há mais tempo faz esta referência analítica dos resultados dos exames.
Em parceria com a Universidade Católica introduziu-se
este ano a referência ao contexto socioeconómico e cultural das escolas na
análise dos seus resultados. Algo que as escolas TEIP (território educativos de
intervenção prioritária) e outras com elevado número de alunos com carências económicas
e problemas sociais no meio de origem há muito pediam que fosse feito, porque a
consideração simples dos resultados obtidos redundava em injustiça e enviesamento
da análise do seu trabalho.
O processo de correcção da perspectiva ainda não
está completo porque o ministério ainda não fornece os dados de contexto das
escolas privadas, sejam elas realmente privadas (que incluem escolha pelos
pais) ou escolas com paralelismo pedagógico que, na prática, prestam serviço
como as públicas, não havendo “escolha” da sua população.
Em termos simples, para entender o alcance da
mudança, imaginem que se comparava simplesmente, e sem mais, pela variável “mortalidade”
2 hospitais: um situado numa zona habitada por jovens de nível económico
elevado e outro especializado em doenças respiratórias numa zona populacional
de idosos. Qual vos parece que seria o “melhor”?
Ora, é um absurdo
deste tipo que a nova forma de abordar os rankings vem começar a corrigir,
introduzindo-se no Público uma classificação das escolas em 4 grupos: o
laranja, o azul, o violeta e o verde. As escolas do grupo laranja são as que,
em média, têm piores contextos na análise de factores condicionantes (o número
de alunos com escalão A ou habilitações mais baixas dos pais, por exemplo). As
verdes são as melhores nesses índices, seguidas das azuis e depois, antes das
laranja, as violeta. Este código de cores é simples e entende-se muito bem nas
tabelas do Público.
O objectivo desta nota não é obviamente produzir
muita teoria sobre este assunto mas tão só lançar algumas pistas de leitura sobre
o ranking do Concelho de Viana do Castelo visto pelo olhar do Público e da
Universidade Católica para as escolas básicas (6º e 9º ano) – e não me pronuncio
sobre o secundário, porque tento só falar do que entendo com alguma
profundidade.
Olhando a tabela que produzi (imagem anexa) com os dados deste
nível para o concelho de Viana do Castelo, com base no Público, podem
evidenciar-se algumas conclusões.
·
A tabela foi ordenada pelo ranking 1 (que inclui
as escolas todas, mesmo as que têm menos de 50 provas; já que, o número de
provas afecta a qualidade das médias calculadas foi produzido um ranking 2 só
com as que ultrapassam o limiar.)
·
As escolas privadas e do grupo verde (as
melhores no contexto) ocupam os 4 primeiros lugares, sendo também todas elas
escolas da cidade, o que era expectável (todas têm menos de 20% de alunos com
escalão A).
·
2 escolas apresentam resultados que, segundo o
Público, são inferiores aos que seriam expectáveis face ao seu contexto, tendo
ambas mais de 20% de alunos com escalão A (máximo de apoio social).
·
Há 2 escolas que superam claramente o que seriam
os efeitos previsíveis do seu contexto social: Pedro Barbosa, com 25,87% de
alunos com escalão que é a 5ª e Darque com 38,4% de alunos com escalão A que é
a 8ª.
·
Todas as escolas estão acima do lugar 1000 sendo
que, no ranking 2 (que exclui uma delas, a 1ª, privada, que só teve 32 provas)
há 4 acima do lugar 250, 3 entre o 250 e o 500, 2 entre o 500 e o 750 e uma
abaixo do 750. Este dados devem deixar todos satisfeitos num concelho que não é
dos mais ricos ou desenvolvidos do país mas em que a aposta nas condições educativas
foi e persiste transversal a toda a acção municipal nos últimos 30 anos e que
dá, assim, frutos consistentes.
·
As últimas 4 escolas do concelho tem todas mais
de 25% dos alunos com escalão A, com excepção da penúltima, que tem menos, 21,89.
Curiosamente a que tem mais alunos com escalão A – mais de 35% - não é a última
(a que não será alheio o facto de ser TEIP e, por isso, ter mecanismos adicionais
de apoios que ajudam a melhorar os resultados). E isto muito embora o ranking,
por exemplo, ainda não pondere aspectos como a diversidade étnica ou cultural
ou a percentagem de alunos com necessidades educativas especiais.
·
Todas as escolas tiveram média positiva (acima
de 2,51) mas todas as escolas laranja ou violeta estão abaixo do valor exacto 3
o que significa que a sua condicionante social não impede bons resultados mas o
peso dos alunos com piores resultados afecta as médias.
·
Dado curioso para abordagens futuras: 3 das 4 últimas
escolas neste ranking concelhio estiveram para ser agregadas num único
agrupamento duas vezes e um dos pontos da discussão incluiu uma das escolas
brandir os resultados de excelência dos alunos e a diferente origem social destes
face aos de outro agrupamento que neste ranking ficam 200 lugares acima.
Luis Sottomaior
Braga
(declaração de
interesses: sou director há 5 anos do agrupamento de Darque e ao ver estes resultados
só posso ficar satisfeito com os alunos e professores das 6 escolas do
agrupamento que se superam e aos problemas que o meio traz. E superar-se é ser
excelente.)
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