Escolher os melhores…. Viva a autonomia!!!!
Este texto se , apesar da sua extensão, for lido vai agravar o número das pessoas que não
gostam de mim. Muitos colegas directores de escola se vão sentir ofendidos
(especialmente os que virem os seus critérios aqui criticados). Os que tiverem
poder de encaixe para isso podem escrever-me e dizer o que tiverem a dizer.
Responderei e talvez não leve a coisa tanto para brincadeira como aqui. Acho que maioria esmagadora dos meus colegas directores são pessoas com valores éticos, esforçadas, mal pagas para o trabalho que executam. Doi-me ver a injustiça com que o nosso trabalho ´e julgado mas quem me conheça sabe que sou pouco corporativo e mesmo quando isso me causa dissabores e contrariedades não me dispenso de ser critico. Infelizmente nesta questão dos concursos de ofertas de escola sou da minoria residual que acha que se foi longe demais na tentativa (por sinal toscamente implementada) de ter as escolas a "escolher os professores".
Seja como for, na resposta a criticas que possam vir, não vou dizer a hipocrisia, de que não tinha intenção.
Tinha, sim
senhor: a intenção de tentar abrir a consciência de alguns para ver se, com
esta humilde tentativa, começam a ver que, se os critérios que inventam lhes
forem aplicados, talvez percebam as injustiças que andam a fazer. A nova lei de
contratação de docentes em oferta de escola pretendia corrigi-las nas intenções
mas falhou nos processos (coisa muito comum em Portugal, grandes legisladores
de regimes industriais mas péssimos em porcas e parafusos….)
Quem regurgitou
a nova legislação das ofertas de escolas também pode ficar ofendido. Espero que
não muito porque representa o meu patrão: quem assinou o decreto-lei foi o
Ministro da Educação. O tal DL, que fala de 50% de qualquer coisa, somado a 50% de outra, que não se sabe bem o que é, numa escala que cada um define, e que
introduz o conceito de “tranches” de candidatos (até então conhecia
directamente as de vitela, que consumia com gáudio, e dolorosamente as da
Troika) mas, às tantas, o infeliz estrangeirismo até pode estar bem, sendo os
contratados carne para canhão do sistema de ensino.
Sendo um homem
que tanto fez pela Matemática acho que o ministro não viu todas as implicações matemáticas
destes artigos da oferta de escola. Creio que se vir, com atenção, vai perceber
que a culpa dos problemas não é só das escolas, como declarou à imprensa,
quando se viu questionado.
Mas, na
verdade, não creio que venha a ter problemas por escrever isto. Afinal, temos
um ministro que muito gostava, e praticava, a liberdade de dar saraivadas ao
eduquês, convenientemente parodiado e eu vou tentar dar algumas….
Pena que a
abstenção administrativa, que grassa sobre isto nas altas esferas dos concursos no MEC,
sob a sua égide, tenha dado azo a que o eduquês magoasse tanta gente, com
mérito muita dela, sob a forma de critérios de concurso…. Como aquele ignóbil espectáculo
de ajuntamento de centenas de docentes à porta de uma escola de Lisboa, esta
sexta-feira.
E sempre se
estranha que um liberal acabe a proteger, ainda que por abstenção, mecanismos
de selecção em concursos públicos com laivos monopolistas e
anti-concorrenciais.
A importância de nos lembrarmos e calçarmos
os sapatos dos outros
Finalmente,
alguns contratados, menos adeptos do ridendo
castigat mores, podem sentir-se ofendidos pelo tom, que tenta ser jocoso,
do texto. A esses digo que não os queria ofender, de forma nenhuma, mesmo que a
tentativa de mordacidade do texto o possa dar a entender. Ainda me lembro do
turismo pedagógico dos mini-concursos e ainda sinto as suas dores de ambulantes
escolares. Em suma, ainda me lembro do que é ser professor contratado e acho
que, com as diferenças de geração, ainda consigo calçar os seus sapatos e
pôr-me no lugar desse “outro”, o que é a base de qualquer atitude ética. E,
agora, com a mobilidade, ainda vou acabar por ser um contratado com o nome
pomposo de “professor de carreira”.
Então decidi fazer este exercício. Sou professor
do grupo 200 (Português e Estudos sociais) com uma graduação na casa dos 27
valores: como seriam para mim as coisas se tivesse de concorrer com os
critérios de oferta de escola dos horários do meu grupo que por estes dias
saíram para candidatura?
15 Horários vistos com algum detalhe
Pedi a um
amigo para verificar, e na data em que escrevo (30/08), constatei que havia 15
horários do meu grupo. Eram, salvo erro, horários das escolas 121617, 145452,
145488, 152213, 170719, 170800, 170859, 171669, 171682, 171773, 171839 e
171888. Poupo-vos à longa enumeração dos nomes mas, com os códigos, quem quiser
verificar chega lá.
A
seguir, apresento alguns desses critérios e comentários sobre eles. E junto um
espaço para a forma como os sofreria e analisaria se fosse candidato. Tento
brincar, mas o caso é triste e sério.
Ninguém
selecciona médicos ou juízes com conceitos bárbaros destes.
Agora
espero sinceramente que este assunto (que é da escola, de quem tem interesse
pelo futuro educativo do país e da sociedade) não fique limitado aos
contratados. Se algum professor do quadro ler isto que estou a escrever, e seja
ou não deste grupo, que lhe parece se lhe aplicarem tais conceitos no próximo
concurso? Se acha mal, porque fica calado sobre isto? Ou só vai querer saber do
caso, quando a sua própria casa estiver a arder?
E
os directores, que tais conceitos expeliram, estariam disponíveis para ser
seleccionados, como docentes, desta forma? E ainda se lembram de quando eram
contratados? Teriam hipóteses de ter assim para si próprios uma selecção justa,
objectiva e que preencha todos os requisitos administrativos, legais e
constitucionais?
E
os professores dos Conselhos pedagógicos que tais aberrações eduquesas
aprovaram que têm a dizer em sua defesa?
Como nota
lateral destaco que nos critérios que analiso não consta curiosamente um,
patentemente ilegal, mas muito comum nas AEC (morar a uma certa distancia
mínima da Escola). Sobre essa pérola gostava só de lembrar que, aí por
1940, o regime salazarista obrigava os professores primários a, sob pena de
processo disciplinar, residir a menos de 5 kms da escola. A estupidez manga-de-alpaca
nunca muda, e a genética é uma coisa tramada, e um tio-avô meu teve nesse tempo
problemas por residir em Viana e dar aulas em Afife. Ia de comboio e
era pontualíssimo mas incomodou alguém que o quis tramar. Muito senhor do seu
nariz, ganhou a contestação. A Constituição consagra hoje a liberdade de
circulação e de escolha de domicilio mas, nesta linha revivalista, até já nem
me espantaria que alguém se lembre de reintroduzir a permissão prévia ao
casamento dos professores que o Salazar também criou e fazer disso critério de concurso….
Analise de critérios concretos – um menos
mau…
Numa escola,
que vamos designar por 1, para Entrevista de Avaliação de Competências, a valer
50% de metade da classificação da selecção, surge o critério Conhecimento
dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária
Pouco
objectivo. Como se mede o conhecimento referido? Conhecimento de quê? Da
Geografia? Da Sociologia? Da História (tratando-se de um horário de História….)
E como se graduam os diferentes "conhecimentos" dos vários candidatos
que vão ser entrevistados? (TEIP's há perto de 100) Se fosse eu a concorrer, 5 anos de director de um
TEIP e 1 ano a leccionar e como director de turma deveriam dar para o máximo da
pontuação. Mas onde está garantido que isso não era considerado equivalente a 1
ano do docente que já está na escola e que conhece aquela em particular (ou que
alguém acha que conhece ou que alguém que ele conhece acha que conhece)?
30%
iria para o Perfil Profissional. O que é isso? Existe uma definição
objectiva? (por acaso existe e está na lei mas é isso que vai ser avaliado numa
curta entrevista? Não será ambição a mais?)
Talvez, eu, se
concorresse, tivesse a pontuação toda. Estou barrigudo mas o perfil do rosto
ainda deve escapar. Se a coisa fosse levada a sério (e o perfil fosse o
definido legalmente) acho honestamente que teria boa pontuação. Mas qual dos
modelos de perfil será usado? Deduz-se do critério? É que, para usar o legal,
falta muita informação.
E, finalmente,
o 3º critério a Apreciação Global que vale 4 valores. Critério misterioso que,
na verdade, entra naquela categoria que na Biologia acaba bem representada pelo
ornitorrinco …. Um critério sem critério. Um "diversos"
subjectivo que engloba (daí ser global) o que não se conseguiu tornar definido
em estilo mais criterioso…. Se o meu mau feitio (agravado pela leitura destes
critérios) aparecesse na entrevista acho que ficava a 0….
O critério do monopólio…. Liberalismo do
mercado de trabalho mas com calminha…
Se
o primeiro grupo de critérios da escola 1 era dos menos maus vejamos agora do
piorzinho que topei. Entrevista na mesma (esta obsessão com entrevistas merecia
todo um texto de análise). Critério único: “Continuidade pedagógica”. Em termos
simples, fica quem está. Critério manifestamente ilegal (disse-o no ano passado
o Provedor de Justiça, não sou eu que digo).
A continuidade
pedagógica atrai muita gente, especialmente os que arranjaram um galho,
mesmo que não tenha sido por mérito, e é um mito eduquês (e não eduquês) muito
popular.
Mas essa ideia
de senso comum, baseada no dogma bem português da continuidade e estabilidade
(que nos trouxe ao lindo estado em que estamos), retira competitividade ao
concurso (que neste caso não e´ de quadro) ao assegurar que quem esteja
continua, sem outro motivo que não ter estado.
A consideração,
este ano, da graduação criou uma dificuldade a quem pensa assim mas, como todos
os pensadores dogmáticos, insistem, ainda que isso obrigue ao triste
espectáculo que ainda agora se assistiu à porta de uma escola que me fez lembrar uma cena de filme neo-realista (os trabalhadores alinhados e em magote `a espera da escolha pelo patrão para a jorna).
Um concurso
tem de ser algo aberto, em que todos possam concorrer em igualdade com a dignidade do seu
mérito intrínseco (a continuidade do passado não é um elemento de mérito
intrínseco dos candidatos, e´ um fenómeno conjuntural e, neste caso, se foi
gerado no passado por critérios fracos destes, bem arbitrário). Ter estado,
pode ter valor mas não pode significar vitória automática, porque isso suspende
a evolução. A continuidade aceita-se num quadro de ideias bacocas de aristocracia e com a mania do consuetudinario.
Ao criar duas
categorias de candidatos "os nossos" e os "de
fora", um liberal diria que se cria uma vantagem competitiva ilegítima,
ou se preferirem, um entrave à concorrência.
Impossível num
concurso publico, ao gerar parcialidade embutida no processo. Além disso, e este
fenómeno vai ocorrer noutros casos, para quê entrevistar alguém (e gastar tanto
dinheiro) para avaliar as suas competências, se basta saber onde esteve
colocado no ano anterior para aplicar o critério de escolha?
E, finalmente,
porque é a continuidade tão importante, se o mundo muda e temos de aproveitar
as "oportunidades" que as crises de mudança nos criam? Não será a
continuidade pedagógica uma “lamechice” (lembram-se?) pouco
liberal e fechada à competitividade (na verdade, em termos económicos, cria um monopólio
daquele posto de trabalho transitório que, mesmo alguém com mérito, mas de “de
fora”, nem consegue arranhar).
E quem defende
a “continuidade”
confunde continuidade com estagnação e confunde-se com o significado jurídico
de “renovar
contrato”. As renovações do concurso nacional, baseado num critério
objectivo, já encerram injustiça quanto mais estas, feitas assim. E já agora que continuidade para os docentes QZP mandados para mobilidade e para os que ficaram em horário zero.....?
Neste critério, fosse como fosse, tinha 0 e de
nada vale toda a formação de 17 anos de carreira, cursos, experiência ou até 6
anos de experiência numa escola TEIP com populações em risco de abandono
escolar (ou todo o currículo restante). Um professor formado há 2 anos (que
empatasse comigo no critério seguinte) conseguia, aqui, para o total final, 6
valores, que somados a 50% da sua graduação lhe davam, se tivesse a mesma nota
de curso que eu, 9 valores para o mesmo total final. Ele ficava com 15 e eu com
14. Esta demonstração pelo absurdo mostra como o argumento da continuidade pedagógica
viola a própria Constituição. Ou será que alguém acha que 17 anos de experiência
valem menos que 2? Podem valer o mesmo, até, mas menos? (Matemática e rigor e ficamos nisto).
A continuidade é um critério camaleão
Numa
outra escola o critério foi redigido de outra forma “Conhecimento e participação em
projectos efectivados no Agrupamento no ano lectivo 2011/2012.” Vale
tal conhecimento 70% de metade da classificação total do concurso. Se fosse eu
a concorrer tinha 0. Projectos nunca me faltaram na vida. Não tive foi a subida
honra de estar "no" agrupamento, entidade tão divinizada na sua
capacidade de criar qualidades intrínsecas de mérito, que acaba designado pelo
artigo definido…. "o", the special one or the only one.... 17 anos de
vida e experiência valiam lá 0.....por que não foi lá e no ano santo de
2011/12.
Nessa escola,
20 % da nota final vai para o Conhecimento e experiência pedagógica com
alunos em contexto sociolinguístico desfavorável. O que é contexto
sociolinguístico desfavorável? Não se explica. Um professor que, como eu, tenha
dificuldades em dizer o "L" pode invocar essa experiência? Não se
perceber o critério de forma unívoca torna-o equivoco e, por isso, violador das
normas de concurso. Mas talvez a natureza dúbia da redacção seja só um sintoma
do contexto sociolinguístico desfavorável.
A concorrer a
isto estava lixado…. Mas podia ser que os meus 6 anos de trabalho com
comunidades bilingues me ajudassem a arranjar uns pontinhos para isto não ser
tão escandaloso. Só me questiono é se, do conselho pedagógico dessa escola,
terei condições de obter uma definição única para tão original conceito.
O
3º critério seria ter participado em projectos no âmbito da multiculturalidade.
Como se calcula uma percentagem disso? O que é multiculturalidade para quem
escreveu estes critérios? E sei que a pergunta tem muito de retórica. Mas como
se mede e valoriza a multiculturalidade (em tempo de experiência? Em natureza
da experiência? E como (não) se diz aos candidatos o que devem destacar das
suas experiências de forma mais concreta? Por exemplo, para um candidato que
tenha tido namoradas estrangeiras, vai valer alguma coisa? (é uma experiência num
projecto de multiculturalidade, afinal). Ter nascido ou vivido no estrangeiro também
é (e a nossa vida é um projecto, certo?).
No meu caso
tenho uma irmã, que muito me orgulha, nascida e criada no Brasil, até os 16
anos, e cujo final de adolescência e juventude acompanhei (isso conta como experiência?
como não dizem, deve contar). Talvez me valesse a minha querida irmã, para ter
uns pontitos ….
E a continuidade encapota-se ….
Por exemplo, num
critério aparentemente objectivo como “ter leccionado a disciplina nos últimos
três anos”, que vale metade de um concurso na 4ª escola. Na pratica a
exigência de um mínimo de experiência. Não suscitaria muitas dúvidas nem
comentários. Mas, e quem tiver leccionado a disciplina 10 anos, menos no último?
Passou-se alguma coisa com o conteúdo da disciplina nos últimos 3 anos que os
torne tão especiais? Tinha 0 por ter
sido director nos últimos 3 anos e, por isso, não leccionar. Mas os restantes
anos anteriores não valem nada?
Outras
redacções de continuidade encapotadas: Conhecimento do contexto do Agrupamento -
Projeto educativo TEIP - Regulamento interno - Projetos próprios; Projetos/ações/atividades desenvolvidas neste
TEIP ou 3- Contributos para a concretização do projeto educativo do agrupamento
no ano letivo 2012/13.
A este último responderia,
se estivesse desempregado, a concorrer, “Ainda 0 mas cheio de vontade de dar
contributos e como sou criativo e inovador” (e cheio de virtudes, que os
defeitos tento evitar mostra-los) e talvez conseguisse a pontuação máxima. Isto,
se ao explicar a fantasia inventada para o momento, estivesse inspirado....Em
2012/13 ainda ninguém fez nada portanto o critério deve implicar as
competências da Maya (e olhem que eu não acho que ela preveja o futuro).
Outra forma de
encapotar são os critérios que dão para tudo. Na escola 5 o Relacionamento
interpessoal/ Competências de comunicação. Como se faz com que isto não
seja apenas a avaliação da simpatia e de elementos externos do "relacionamento"?
E sem entrar em dúvidas menos simpáticas ….
Critério 2,
por aí, a valer 15%, “Competências especificas e de inovação”
E o que é isto? Um professor inventor terá alguma vantagem? Critério impreciso,
altamente subjectivo e objectivamente nulo de conteúdo.”Bem, sou muito
inovador, é o que me dizem, mas perante a inovação de todos estes critérios (em
alguns casos invencionice) creio que ia ter dificuldades em superar o tão alto
critério….”
Outra forma de
encapotar a continuidade dos que estão é como disse recorrer ao Conhecimento
do contexto educativo do projeto TEIP do agrupamento. Critério
aceitável, se se precisar o que seja o contexto, e que todos podem cumprir,
mesmo os que lá não tenham estado no ano anterior (se estudarem, por exemplo). Estudava
e talvez me safasse com metade da pontuação. Se tivesse tempo, e não tivesse 10
entrevistas no mesmo dia, com contextos todos diferentes para estudar (há umas
100 escolas TEIP) e, de certeza, perguntas de detalhe para me perturbar….que
sou "dos de fora".
Estruturas e (des) favorecimentos
Na escola 6 da
minha análise 15% iria para a experiência em Escolas TEIP /contextos
socialmente desfavorecidos. O que é isso de um contexto socialmente
desfavorecido? No senso comum toda a gente tem uma ideia mas um
concurso implica rigor e isso obriga a que se diga de partida como se vai
distribuir a pontuação, conforme as realidades de experiência que vão aparecer?
Um professor que tenha crescido num bairro social vai ter a sua experiência
considerada ou não? Acho que devia. Estamos conversados sobre experiência (acho
que arranjava maneira de contestar se não tivesse a pontuação máxima).
Estragava tudo, por causa disso, na capacidade de relacionamento…. Mas, agora
reparo, aqui não conta….
Outro
a valer 15 % Participação em projetos estruturantes de Agrupamento. O que
são projectos estruturantes do agrupamento? O conceito impreciso, vago e
subjectivo inclui, por exemplo, a festa de Natal? E o Carnaval? Uma visita de
estudo é um projecto estruturante? O estruturalismo paga as favas que não
merece... Em estruturas fraquejo. O meu marxismo mitigado sofre de um
sincretismo com o historicismo e o positivismo que se irrita com balelas
destas….
Reaparece
aqui o Perfil (para trabalhar com alunos com
características específicas), a valer 20%. Isto, claro, não quer dizer
nada. É eduquês, como alguém diria. Todos os alunos têm características específicas
e todos os professores têm perfis para algumas delas. Como não se diz quais
sejam …. Dá para tudo….
Hiperactivos,
ganhava os pontos todos. Parece que fui desses… Maus alunos era um problema:
nunca fui. Às tantas, seria impeditivo para o perfil. Esperemos que olhem para
a barriga e vejam a sua solidez de perfil. Realmente, realmente, isto está ao nível de
pais que questionam o perfil de um professor que não tem filhos.... Perguntam
isso ao pediatra?
E por falar em
perguntas, coisa curiosa, ainda ninguém perguntou o que o candidato sabe de Historia que e´ o que vai ensinar.
E para coisas realmente cómicas …
Por exemplo: Experiência
lecionação programas. Mau português, mesmo para os telegráficos
caracteres que se podem por na aplicação, e o que quer dizer? Algum professor
não lecciona com base em programas?
Mede-se em tempo, certo? Ou como se mede? Acho que tenho, ou será que não…. Estes critérios
todos já me fazem tresler….
Outro critério
“objectivo”: desenvolvimento de projectos.
Projectos de?!? Casas, arquitectura, decoração? Devem ser escolares, mas de quê? Uma
visita de estudo será um projecto? Em sentido lato é. Objectivo, isto? “Projectos
é o meu nome do meio….e melhores que os que fiz serão os que vou fazer
(especialmente se ganhar o concurso)”, dirá qualquer candidato. Como se diz no
norte vão fazer falta galochas para tanto que se vai regar.
E por falar em regar. Outro critério
engraçado Capacidade de resposta a situações / ocorrências emergentes. O
que é uma situação emergente e como vão avaliar isso? Se tiver uma situação
emergente durante a entrevista e a resolver, suspendendo a entrevista, e saindo
para evidenciar, em local mais recatado e higiénico, a minha capacidade de resposta, vão
dar-me 0 ou pontuar-me com o máximo?
Bem cómico é também
Aptidão
para leccionação / funções previstas no horário a concurso. Na tropa
recebi a menção de incapaz para todo o
serviço militar mas apto para angariar meios de subsistência. Leccionar é o
meu meio de subsistência há mais de 15 anos. Devo presumir que vou obter os 10% de máxima
aptidão? Ou vou ter de ir buscar o Brigadeiro da Junta do Hospital Militar?
Percorrendo
tudo isto, a conclusão é que num concurso destes, apto que estou, eu não tinha
hipóteses nenhumas de chegar a ser seleccionado, pela maneira como os critérios
são convenientemente direccionados (muitas vezes, ao lado, mas a coisas
convenientes). Se fossem os únicos, entenda-se, estava fora sempre. Por isso, a
mudança da lei este ano foi no bom sentido, mesmo mal operacionalizada .
A minha graduação profissional é pública
(basta verem as listas da DGAE ex-DGRHE) mas, a leccionar desde 1995, com nota de
curso bastante alta de qualificação, 3 pós-graduações no ensino superior, 4
anos a ensinar em acumulação numa das melhores escolas particulares do Norte, 4 de
experiência em cursos de aprendizagem e formação profissional, coordenador de formação, formador de
professores e 6 anos como director e professor de um agrupamento TEIP (com 12% de população
cigana e tendo participado em projectos considerados inovadores para esse tipo
de escolas), nestes 15 concursos, se fosse contratado, em nenhum teria qualquer hipótese com
critérios destes e, só a graduação ser considerada, impedia que ficasse a zero.
Alguém me
explica como acontece isto? Esta e outras perguntas ficam à espera de resposta.
E o debate vale a pena, acreditem.
(O autor e´
director de um agrupamento de escolas em que se fazem concursos de oferta de escola. As
listas desses concursos, deste ano e anteriores, podem ser consultadas no site www.escolasdarque.com)
Sobre este
assunto existem outras entradas neste blog
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2012/03/oferta-de-escola-criterios-objectivos.html
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2011/09/carta-um-matematico-pela-salvacao-de.html
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2010/12/uma-entrevista-que-causa-desespero.html
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2012/03/oferta-de-escola-criterios-objectivos.html
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2011/09/carta-um-matematico-pela-salvacao-de.html
http://vistodaprovincia.blogspot.pt/2010/12/uma-entrevista-que-causa-desespero.html
Etiquetas: concurso docente, directores, equidade, gestão escolar, graduaçao, graduação profissional, justiça, oferta de escola
23 Comments:
Luis,
Embora, como tu dizias, ser extensa a apresentação do teu ponto de vista sobre os critérios usados para os concursos de escola, devo dizer-te - eu que não pertenço ao meio onde tudo isto se passa - que fiquei perfeitamente elucidado.
Como atenuante aos critérios aprovados e introduzidos pelas escolas, poderá estar uma tentativa de readmitir professores que tivessem feito um bom trabalho no ano anterior. De maneira que usando critérios tão absolutistas, tão próprios, poderiam estar a salvaguardar a escolha e daí a readmissão do candidato.
Não sei se foi essa a intenção. Pelo que a entendo como atenuante.
Mas quando o senhor ministro, também ele, não consegue ser objectivo nas suas decisões, o que podemos esperar do que escorrer pela piramide que está a construir?
Um abraço.
Fernando Garcez
Acabo de ler o seu texto no "Blog DeAr Lindo".
Como professora dita "de carreira", não podia deixar de lhe agradecer pelo difícil exercício que me levou a fazer ao longo da leitura do seu texto, tentando colocar-me no lugar dos milhares de professores contratados que neste momento concorrem aos concursos de contratação de escola.
Eu, tal como o Luís Braga, também não teria a mínima hipótese de ser seleccionada em ofertas que tivessem os critérios que analisou, pelo simples facto de que NÃO SOU a pessoa para a qual aqueles critérios foram definidos.
O facto de ter percebido que há colegas nossos (sejam directores ou membros de Conselhos Pedagógicos, são sobretudo professores) que criam tais situações ou que deixam que estas aconteçam, entristece-me bastante como professora e como cidadã.
Agradeço-lhe por manter a dignidade da classe docente nos critérios definidos na sua escola. Espero que mais directores o façam e que sejam cada vez menos os que ainda tentam contornar a legalidade para favorecerem indevidamente alguém. Espero.
Existem muitos que falam e poucos que dizem. No que se refere a este belíssimo e assertivo texto, se me permite, encontro aqui alguém com conhecimento de causa e portador de uma "voz" no verdadeiro sentido da palavra.
Bem Haja
Lia Marques - COIMBRA
Corajosamente escrito. Basta de mentiras sobre as contratações de escolas.
Autonomia só é verdadeiramente autonomia quando se beneficia alguns.
Basta.
RS a.k.a O Cão Danado
A leitura deste Excelente exercício renovou-me a esperança! Afinal há quem seja capaz de "acumular" a escrita (denunciadora) com tarefas que muitos desempenham, na minha opinião, com o “conveniente” autoritarismo para o interior e o cumprimento “zeloso” e acrítico para o exterior (leia-se ME e restantes serviços).
A Escola Pública (e os professores) só pode ter a ganhar, com Directores que Não esquecem o “outro lado” e continuam a considerar-se Professores.
Obrigada!
A bem dizer, a graduação não deixa de ser igualmente um critério que garante uma continuidade de quem já está no sistema ou de quem está no sistema há mais tempo, não contemplando qualquer tipo de avaliação da evolução do docente ou do próprio desempenho.
Sendo objetivamente objetivo - passe a redundância - não encerra por esse facto qualquer justiça e impede a faculdade de escolha do diretor. A menos que não se confie no dito...
A grande diferença do privado é que os diretores desse setor tem de fazer escolhas e não se podem demitir de o fazer e no setor público há uns diretores que se inibem de cumprir esse obrigação legal, mas principalmente moral de decidir pela melhor opção para a sua escola, preferindo argumentar contra o "eduquês" e refugiar-se no administrativismo.
Por manifesta incapacidade minha, não consigo perceber qual a real solução alternativa proposta.
"agravar o número das pessoas que não gostam de mim" ou "sentir ofendidos" não são situações que sequer se equacionem: não o conhecendo, não se pode gostar ou não gostar - pode-se quanto muito não concordar com as ideias expressas ou com a forma como são expressas; quanto a ofender, não ofende quem quer, ofende quem pode.
Cumprimentos,
Professor do QZP sem problemas de colocação
É bom saber que ainda existem professores de carreira assim! Fico ainda mais contente sendo um Diretor.
Sou professora contratada e sinto estes critérios na pele.
Continuarei a resistir porque amo o que faço!
Professora de Matemática (contratada)
Luis,
li o seu texto no blog DeAr Lindo e fiquei-lhe muito agradecida por o ter escrito. Não imagina a minha luta desde há um ano, em torno dos critérios de selecção das AEC. Fiz uma investigação para a minha tese de mestrado sobre estes critérios "manhosos", enviei os dados para todo o lado (DREC, DGRHE, Inspecção, Gabinete so Ministro, comunicação social, associações de municípios... nada! reclamei, impugnei concursos... e os critérios mantêm-se este ano tal como eram! Ao ler os vários comentários de colegas nos blogues, fico destroçada quando percebo que muita gente acha que se os professores contratados estão como estão é porque não lutam, têm medo... Não é verdade! Há quem se esforce por trazer as coisas a público e por tentar "bater" às portas certas, mas não há respostas! Sou uma contratada com 8.175 dias de serviço, do grupo 250, com licenciatura, mestrado e com uma graduação de 31 e qq coisa, mas não entrava em praticamente nenhuma vaga nem para as Aec de música, nem para as ofertas de escola. Também eu questiono quem me entrevista... então qdo são os municípios (no caso das AEC) a proporem a entrevista, até me arrepio! Será um docente a entrevistar-me? Um psicólogo? Um assistente social? Quem são? Poderei também questionar as suas competências, tal como tentam "medir" as minhas?
Neste momento, sem colocação, devo dizer que estou farta! De tal maneira, que já duvido se gosto de dar aulas... O momento em que estou em frente dos meus alunos é muito bom, mas tudo o resto é tão mau, que não sei para que lado já pende o prato da balança...
Resta-me, mais uma vez, agradecer-lhe o seu texto, ainda mais sendo director de um agrupamento.
Bem haja.
Dina Maria Soares
Acho que poucos conseguiram ser tão assertivos e na "mouche" em relação a todas as injustiças / coisas inexplicáveis que lavram pelas ofertas de escola hoje em dia. Agradeço, como contratado, todo o tempo que perdeu a escrever este longo mas elucidativo e perspicaz texto! Bem Haja!
Acho que poucos conseguiram ser tão assertivos e na "mouche" em relação a todas as injustiças / coisas inexplicáveis que lavram pelas ofertas de escola hoje em dia. Agradeço, como contratado, todo o tempo que perdeu a escrever este longo mas elucidativo e perspicaz texto! Bem Haja!
acho que poucos conseguiram falar de forma tão clara e tão pertinente de todas as injustiças / aberrações que se encontram nas ofertas de escola hoje em dia. Mais não diria do que agradecer todo o tempo dispensado para produzir este excelente/ pertinente/ elucidativo texto! Bem haja!
Li tudo! Claro como água...
Li tudo. Claro como água.
E há outros directores que nem respondem, porque pensam, e bem, lá está o santinho labrego do costume a mandar postas de pescada. Preocupe-se com a sua casa e deixe a casa dos outros, com tantos anos disto e já devia saber que não se podem comparar territórios educativos. Conhecer uma realidade não é conhecer o Mundo. E com isto viro as costas e vou-me, porque há opiniões que nem merecem uma palavra quanto mais linhas.
Parabéns pela análise!
Apesar de longa e exaustiva, reflete bem a dimensão que pode ser tomada pela "autonomia" das escolas... e as consequências de se facultar "poder" a quem não o sabe(?) usar para os fins a que o ensino público deve estar sujeito.
Depois de ter lido o seu texto, tenho que dizer que, para já, não fiquei nada ofendida em relação ao que disse acerca dos contratados. Aliás, penso que tem uma perspectiva bem realista do ponto em que estamos. Sou contratada há 12 anos e depois de um horário anual e completo em diversos anos e em várias escolas, encontrei-me numa situação em que a renovação não era possível. Portanto desde 2010 estou sujeita à sorte dos outros menos graduados que puderam ver os seus contratos renovados, aos critérios duvidosos das Ofertas de Escola e às precárias substituições que vão aparecendo...
Agradeço o seu olhar sobre algo que eu pensava que mais ninguém pensava...
Sr DHá tantos bombeiros incendiários como sabe.iretor, poderá explicar-me a razão de ser deste precioso texto neste momento? Já o Sr, como Diretor de um Agrupamento, fez anteriormente eco perante a tutela destas suas reflexões?. Que pretendeu o Sr. nesta altura? Provocar a discussão ou incendiar? Há tantos bombeiros incendiários como sabe! Tem toda a liberdade de criticar os seus colegas e as escolas e os conselhos pedagógicos que construiram critérios que o Sr. agora vem adjetivar de vários formas. A douta inteligência de que se assume distante porque da província. Nada disto é com o Senhor! Li o texto e não havia uma única referência às reconduções. Houve mais de 5.000. Com que critérios? Porque apenas agora as OE? Onde quer o senhor chegar? Muito obrigado. Após a tempestade haveremos de ver os estragos.
Caro diretor, mais uma vêz insisto (e já é a 3ª vez que o faço) porque não permite a publicação dos comentários daqueles que o criticam, daqueles que lhe fazem perguntas, daqueles que o questionam? Isso sim seria um excelente contributo para uma discussão séria sobre este assunto. Fácil é disparar em todas as direções e depois não permitir a resposta no mesmo fórum. Sem mais, fico aguardando.
Novamente aqui fica a resposta que temo que seja a derradeira "O seu comentário foi guardado e ficará visível após a aprovação do proprietário do blogue." E hoje é dia 11 de Setembro.
Luís,
Li atentamente o teu texto, não discordando do mesmo. No entanto, creio que para sermos justos deveremos ter a capacidade de nos colocarmos no lugar de todos os “outros”: não só naqueles que concorrem em tais concursos, mas também, por exemplo, naqueles que abrem tais concursos e que serão responsáveis pelas consequências dos resultados dos mesmos (nos quais te encontras incluído, mas não escrevendo nessa perspetiva). Também considero ridículo haver concursos que de tal só têm o nome, havendo claramente a vontade de colocar alguém específico. Mas também se deverá ter em conta quais as razões que se encontram por detrás dessa vontade. Se querem alguém específico porque é filho de “fulano”, ou porque é amigo pessoal, ou outras razões completamente afastadas de motivos de ordem profissional, creio que todos consideramos tal facto como algo hediondo e eticamente reprovável. No entanto, se as razões se prendem com o reconhecimento da qualidade profissional demonstrada pela pessoa em causa, tal poderá ser criticável, mas compreensível. Isto porque saberás com certeza quão frustrante é lidar com maus profissionais e o mal que os mesmos trazem há vida de um agrupamento. E espero que o teu corporativismo, palavras tuas, não te levem ao ponto de não reconhecer a existência de maus profissionais entre os docentes.
E devemos também ter a capacidade de nos colocarmos no lugar de alguns pais e encarregados de educação. No meu caso específico, sendo responsável por uma unidade de apoio a alunos com multideficiência, sei o mal que maus profissionais podem trazer a pais e alunos, e o que sofrem esses pais quando perdem profissionais que muito fizeram por si e pelos seus filhos. Poderás dizer que a “continuidade pedagógica” é um “mito muito popular”. Dir-te-ei que para estes pais não o é. Só quem se encontra no seu lugar o compreende. Sei que na maior parte das situações a “continuidade pedagógica” é uma falácia que só serve para reconduzir alguém, mas a generalização é sempre injusta.
E o grande problema é que aquilo que aceitamos como justo é igualmente uma falácia. O critério “continuidade pedagógica” poderá ser tão estúpido como a “graduação profissional”. Esta é uma forma simples de não nos comprometermos, mas na sua génese é uma imbecilidade. O que me diz de um docente a graduação profissional 27? (que é o teu caso) Nada. Diz-me que teve uma determinada classificação profissional à qual juntou um valor por cada ano completo de experiência profissional. Até poderão ter sido um monte de anos de um profissionalismo duvidoso (o não é o teu caso), mas cada ano terá valido o mesmo de um outro docente com um empenho notável. E a classificação profissional? Também pouco ou nada me diz. Tal depende de tantos fatores, incluindo a instituição de ensino superior e afins, que pouco nos dirá. E mesmo que a classificação profissional fosse algo minimamente rigoroso, mesmo assim pouco me diria sobre o profissional. Há muitos médicos que terão tido médias a rondar os 20 valores que só pela forma como me tratam nos seus consultórios me deixam doente. Prefiro um de média 15 que me trate como um ser humano.
(continua)
(continuação)
Depois temos a avaliação de desempenho. Poderei dizer-te que tive uma profissional que ganhou um concurso no nosso agrupamento em parte porque no agrupamento anterior tinha tido Excelente. Depois revelou-se um flop prejudicando gravemente muitos alunos nossos. Por tudo isto, é compreensível que, quando um agrupamento tem alguém que lhe assegure qualidade profissional, queira manter esse mesmo profissional.
Mais triste que estes concursos é ver docentes de carreira acomodados no seu vínculo enquanto professores contratados, profissionalmente irrepreensíveis, têm de procurar outro local de trabalho no fim de um ano letivo porque já não há lugar para si. Mas sobre isto ninguém fala, porque é quase um sacrilégio. E triste é ver que esses professores acomodados custam mais ao erário público, que os pobres professores contratados de que nos vamos descartando, e que fazem menos que os professores contratados. E triste é ver que as preocupações profissionais desses docentes de carreira acomodados passam por quantas tardes livres terão no seu horário semanal de trabalho, e se têm furos no horário, e se não entram muito cedo (ou se não entram muito tarde), e se têm um “dia livre”, e quantos níveis diferentes têm no horário, e se têm a sexta de tarde livre (esta é um clássico), e se não têm cargos (porque dão trabalho), etc.. Enquanto os professores contratados têm de lutar por um horário, alguns acumulando horários em mais que uma escola para poderem obter um salário minimamente decente. Mas sobre isto ninguém fala. Perde-se tempo a limpar a foz do rio sem se ver a poluição de que o rio é vítima a montante. E sei que muitos professores de carreira não se revêm na descrição que fiz. E ainda bem, pois significa que não fazem parte daqueles que descrevi (também eu sou docente de carreira). Os outros que ficarem ofendidos, paciência. Muitos dos que descrevi são colegas com quem trabalho, alguns com que tenho um relacionamento pessoal extraordinário pois são excelentes pessoas. No entanto, como profissionais, se nas escolas houvesse a escolha dos professores, há muito estariam no desemprego ou já teriam modificado a sua atitude profissional.
Por fim, por muito que se tente credibilizar estes concursos eles nunca serão justos. Sem um conhecimento real sobre os profissionais a concurso nunca poderá haver uma justiça irrepreensível. E para se perceber tal facto bastará criar um exemplo ridículo, similar a estes concursos, no nosso agrupamento. Imagine-se que a um de nós, docente de carreira, é pedido para criar uma equipa de trabalho para um determinado fim que, à partida, será bastante trabalhoso. Agora imagine-se que os docentes para tal equipa terão de ser escolhidos por concurso entre os do agrupamento. Alguém iria pela graduação profissional para os escolher? Pela classificação profissional? Pelos anos de experiência? Acho que todos preferiríamos esquecer todos estes fatores e simplesmente escolher aqueles que sabemos que fariam um bom trabalho. Aliás, se a graduação profissional tivesse algum peso num agrupamento, eu nunca seria subdiretor daquele que faço parte.
Um abraço,
André Pacheco
Caro colega diretor
Estou em total desacordo com o que aqui veicula.
Tratando-se de comentário longo, escrevi-o no meu blog.
Caso tenha interesse
http://azurara.blogspot.pt/2012/09/professores-escolher-os-melhores.html
Cumprimentos
Magnífico!
Vim através do Blog do meu diretor (AGnelo) e estou-lhe profundamente grata pela análise que faz.... Até que enfim alguém tem uma visão clara de tudo isto...e coragem de o dizer! Parabéns.
Isabel
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